segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Relato dos 50km na Ultra Trail Ribeirão das Pedras!



Em 2014 tive a oportunidade de relatar a excelente e primeira corrida de 42km que fiz por montanhas, cruzando praias deslumbrantes e tendo o apoio de grandes parceiros de esporte - link. Este ano, também descrevi a graciosa experiência em correr os 23km na Ultra Trail Rota das Águas. E agora conto, de maneira resumida, a experiência que tive ao tentar correr os 50km da Ultra Trail Ribeirão das Pedras!

Na última ocasião dos 23km, fiquei imaginando o que seria correr 50km por montanhas. No gráfico abaixo falta um último morro ao final, mas dá para se ter uma ideia do sofrimento que me aguardava. Seriam mais de 2.300 metros de desnível positivo, ou seja, literalmente, subiríamos em altitude (não distância), um total de 2.3km! O ponto de "corte" seria no km 37,5 e com 07:30 de prova - quem não chegasse lá neste tempo, seria cortado da prova.


Ainda não tenho mais fotos da prova, mas as abaixo (tiradas no local da prova, porém num treino duas semanas antes), retratam o que seria o dia da prova - e que estava muito pior, pois choveu uma semana inteira.



Voltando ao que dizia, após imaginar o que seria correr 50km por trilhas e montanhas, resolvi me inscrever. Olhando agora para o tempo que passou deste os treinos até a prova, reconheço que treinei pouco e não para o que a prova exigiria. Achei que estava razoavelmente preparado, mas falhei. Ao menos aprendi. Faz parte da vida.

Prova no sábado e sexta-feira, então, fui dormir mais cedo e coloquei o relógio para despertar às 04:45, pois haveria de tomar café, me arrumar e perto das 06:00 tinha de sair de casa e ir até o local da prova (uns 30min de carro de minha casa). Cheguei em tempo, peguei o kit do atleta, afixei o número no shorts, fui para o pórtico de largada, comecei a conversar com outros atletas e largamos! Emoções mil estavam para começar!

Primeiro morro subido (o mais longo da prova, aliás), chegamos ao PA-1 (posto de atendimento), tomamos uma água e fomos mata à dentro. Era uma single-track (só cabia uma pessoa na largura, praticamente) bem agradável - muito molhada e cheia de lama, mas excelente para quem gosta! Ao final dela, pegamos uma estrada de terra e emparelhei com outro atleta que também estava tentando correr seus primeiros 50km. Descíamos bem o morro e estávamos no ritmo planejado (mais ou menos 01:30h para cada 10km). Porém, ali, já logo de cara, um erro foi cometido.

Estando muito perto do PA-2, vimos uma placa para seguir reto no caminho dos 50km, porém eu olhei ligeiramente para trás e vi outra placa de 50km, indicando que se devesse subir um morro. Conversei com o colega e achamos que o correto era subir este morro - mas estávamos errados! Aqui, porque somente nós dois pegamos este trajeto errado, isento a organização de qualquer culpa; nós que erramos! [Atualização: fiquei sabendo que ali deveria haver alguém informando e tirando essa dúvida, mas a pessoa descumpriu sua palavra e acabou não aparecendo no dia da prova]

Como sabíamos que o PA-2 estava muito próximo de nós, imaginamos que logo o encontraríamos acima, todavia, ledo engano. Posteriormente ficamos sabendo que este caminho era, de fato, dos 50km, porém num trajeto de volta (por isso que tive de olhar para trás para ver a placa) e isso nos custou mais de 1 hora andando/trotando/correndo errado. Perdemos muito tempo nesta subida e nos caminhos que saiam dela, pois a marcação ainda estava sendo feita naquele local, o que nos levou a ficar sem direção umas duas ou três vezes. Nos dividíamos pelas bifurcações e gritávamos ao alto, a fim de saber se havia encontrado alguma marcação da prova. Voltávamos, seguíamos por alguma estrada; procurávamos algum caminho marcado, mas estando no caminho errado, seria difícil encontrar a marcação correta. Somente quando chegamos bem próximo do topo do morro é que encontramos um dos organizadores da prova (Maicon Cellarius) que olhou com aquela cara de "what?!" para nós e informou que tínhamos pego o caminho errado e indicou o certo. Paciência e obrigado, Cellarius!

Tivemos de retornar do erro e já com 02:40h de prova mais ou menos, finalmente chegamos ao PA-2. O que era para ser 01:30h no PA-2, estava, agora, bem fora da realidade, mas mesmo assim seguimos adiante. Neste momento já estava chovendo a mais de uma hora na prova e o frio começava a aparecer. Seguimos pela estrada da chão, cruzamos o que sempre foi um pequeno córrego (mas que virou um pequeno riacho), se segurando na corda e encaramos outro morro (o mesmo das fotos acima).

O problema é que ao chegar no topo do morro, estava, apenas, no km 15 e já tinham se passado mais de 3 horas de prova. Parei para conversar com o pessoal do ponto de apoio, comi alguma coisa e um estranho frio começou a bater. Chovia, ventava, era alto e eu estava completamente molhado. Avaliei com cuidado e percebi que não queria e muito provavelmente não teria condições de completar os 50km e talvez nem de chegar a tempo no tempo de corte. Some-se a isso que havia combinado com minha família que a expectativa era chegar entre 14:30 e 15:30 de volta, fechando entre 07:30h e 08:30h de prova, o que não aconteceria e os faria esperar muito mais do que o previsto. Resolvi abortar.

Mas como não existe um carro para levar atletas desistentes de um lado para o outro, ainda precisei seguir mais uns 5km até a linha de chegada (segui o caminho do pessoal que estava fazendo a percurso com 26km, abondando, assim, a prova; estava no km 15 pros 50km, mas no 21 para o percurso de 26km - acho que foi isso, não lembro ao certo). Se estes 5km já foram difíceis (tive de correr e ficar mexendo os braços e mãos para não passar frio, porque estava complicado), ficava me perguntando o que seria se tivesse tentado os 50km. Nestes 5 km tive de andar sob a chuva e ficava fazendo reflexões sobre os motivos de ter desistido. Aqui escrevendo, me recordo das Olimpíadas e relembro que até para os mais excelentes atletas, as vezes, desistir é a melhor opção. Desistir para aprender e voltar mais forte.

Assim sendo, mesmo com uma desistência, foram mais de 04:00h molhado, cheio de lama, com frio, vários desconfortos e aproximadamente 30km percorridos no total. Não deu pra fechar os 50km, mas vou treinar para voltar mais forte na próxima e tentar alcançar este feito pessoal. 

Mais uma vez ficam os agradecimentos ao pessoal da Ultra Trail Eventos pela excelente prova projetada e que certamente exigiu muito da logística, especialmente pelo mau tempo e todas as circunstâncias adversas que devem ter surgido.

Que venham mais corridas!

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Carta Aberta aos pais que levam seus bebês chorões e crianças pequenas às Igrejas


Queridos pais levam crianças pequenas às Igrejas,

Vocês estão fazendo algo realmente, realmente muito importante. Eu sei que não é fácil. Eu vejo vocês com os braços assoberbados e sei que vocês vieram para a igreja já muito cansados. Criar filhos pequenos é trabalhoso. Muito cansativo mesmo.

Eu os vejo rodopiar, sacolejar e balançar incansavelmente tentando manter seus bebês quietos. Assisto todo o esforço necessário para encontrar um lugar para se sentar na igreja: Os malabarismos com o carrinho e o equilibrismo com as sacolas de fraldas e todas as dezenas de bugigangas do arsenal móvel de cada bebê.

Eu vejo vocês se sacudirem quando seus filhos choram e assisto solidária toda agitação e ansiedade com que vocês abrem os seus sacos de mágica, catando os truques que podem ajudar a acalmar os seus filhotes. 

E eu vejo vocês com as suas crianças pequenas, as que dão os primeiros passos e as de três, quatro e cinco aninhos. E vejo como vocês se irritam quando seus meninos fazem uma pergunta inocente, num tom que era para ser um sussurro, mas sai como de um megafone, ouvido em claro e bom som lá no fundo da igreja, risos.

E percebo o desespero na voz de vocês, quando pedem pela décima vez que seus filhos se sentem e fiquem quietos. E vejo os seus semblantes envergonhados, como quem imagina que todos na igreja estão olhando para vocês. Sabemos que nem todos estão, mas vocês pensam que sim.

Papais e mamães, eu sei o que vocês estão pensando: Será que isso tudo vale a pena? Por que se preocupar? Todo este trabalho e desgaste. Eu sei que muitas vezes vocês deixam a igreja muito mais exaustos do que gratificados. Mas saibam: o que vocês estão fazendo é muito importante.

Quando vocês estão aqui, a igreja está inundada com um ruído de pura alegria. Quando vocês estão aqui, o Corpo de Cristo é mais plenamente presente. Quando vocês estão aqui, somos lembrados de que este evento que chamamos de culto não é sobre estudo bíblico ou sobre uma contemplação pessoal e tranquila. Mas nos reunimos para adorar como uma comunidade onde todos são bem-vindos. Prostramo-nos junto, como Corpo, diante de Deus e compartilhamos da Palavra e do Sacramento juntos.

Queridos pais que levam seus filhos pequenos à Igreja: Quando vocês estão aqui, vivo mais fortemente a esperança de que estes bancos não estarão vazios em 10 anos quando seus filhos já tiverem idade suficiente para se sentarem calmamente e se comportarem durante a adoração. Eu sei que agora eles estão aprendendo ocomo e o porquê da nossa adoração. E o fazem antes que seja tarde demais .Eles estão aprendendo que a adoração é importante.

Vejo-os a aprender. No meio dos gritos, balbucios e risos. Assisto maravilhada o seu aprendizado, entre o chiadinho dos sacos de bolacha se abrindo e a pilha crescente de migalhas. Eu vejo a menina indócil que insiste em pular dois bancos para compartilhar a "Graça e Paz do Senhor" com alguém que ela nunca conheceu. Ouço o menino sugando (num assobio bem alto) até a última gota de seu vinho da comunhão, determinadíssimo a não perder uma gota sequer de Jesus. 

Eu vejo uma criança excitada colorir uma cruz no programa do culto. Eu me delicio com os tantos ecos de "améns" infantis que pipocam alguns segundos depois que o resto da comunidade disse-o junta. Eu vejo um menino que mal aprendeu a ler tentar encontrar o Hino 672 do livro de cantos e me lembro dos meus meninos aprendendo a fazer o mesmo.

Queridos, eu sei o quão difícil é fazer o que vocês estão fazendo, mas eu quero que vocês saibam que isto é muito importante. Isso importa para mim. É importante para os meus filhos, para que eles nunca fiquem sozinhos nos bancos. É importante para a congregação saber que as famílias se preocupam com a fé dos jovens, em estar com os mais  jovens ... E mesmo naquelas semanas, quando você não puder perceber estes pequenos momentos do Amor de Deus, tudo isto será  sempre e eternamente importante para as  almas de seus filhos.

É importante que eles aprendam que adoração é o que fazemos como uma comunidade de fé. Que na Igreja toda a gente é bem-vinda e que a adoração de cada um é importante.

Quando ensinamos as nossas crianças que a sua adoração é importante, os estamos ensinando que a sua presença aqui é plena e suficiente como a de qualquer outra pessoa entre os membros e visitantes da nossa comunidade de fé. Eles não precisam esperar até que eles possam entender, acreditar, orar ou adorar de uma certa "maneira “correta” para serem bem-vindos. Na liturgia de Cristo, eles sempre foram chamados a estar à frente. “Deixai vir a mim as criancinhas". Eu sei, e você também sabe, que até mesmo na sua igreja há muitos adultos que não possuem todas as credenciais lembradas acima e, ainda assim, estão nos bancos.

O importante é que as crianças aprendam que eles são parte integrante desta igreja, que suas orações, suas canções, e até mesmo o seu choro (se bem contidos, para alguns, risos) são sinais de júbilo recebidos por Deus e testemunham a todos que: Sim, eles estão entre nós.

Eu sei que é difícil, mas obrigado pelo que vocês fazem quando trazem seus filhos para a igreja. Por favor, saibam que a sua família - com todo o seu ruído, peleja, comoção, alvoroço e alegria - não são simplesmente tolerados, vocês são parte vital desta comunidade quando ela se reúne para a adoração.

- por Jamie Bruesehoff

O culto online e a tentação do Diabo

Você conhece o plano de fundo deste texto olhando no retrovisor da história recente: pandemia, COVID-19... todos em casa e você se dá conta ...