segunda-feira, 30 de abril de 2012

Série: Homem e Mulher os criou - parte 6 - Homem e Mulher no Jardim, A Questão dos Filhos (Respondendo aos Questionamentos) - Sermão pregado dia 29.04.2012




Série: Homem e Mulher os criou - parte 6 - 
Homem e Mulher no Jardim, A Questão dos Filhos (Respondendo aos Questionamentos) -
Sermão pregado dia 29.04.2012


Dando sequência ao que temos abordado, pretendo responder a alguns questionamentos e declarações comuns que são levantadas em relação à proibição de se usar métodos contraceptivos. Se você está lendo esse texto e tiver ainda outra pergunta que não foi respondida, não hesite em contatar-me que, dentro do possível, irei respondê-lo(a).

1. "Nós nos casamos pensando em não ter filhos e, portanto, essa doutrina nos é muito difícil." Talvez, assim como foi minha experiência pessoal, você tenha casado (ou está para casar) com o firme intuito de não ter filhos e, lógico, para isso utiliza-se (ou pensa em) constantemente de métodos contraceptivos ("camisinha", pílulas anticoncepcionais, remédios...). No entanto, assim como todas as questões bíblicas, devemos, com a graça majestosa do Senhor, buscar o livramento das correntes malignas e tão somente seguir ao nosso Senhor e salvador - porque "Mais importa obedecer a Deus do que aos homens" (At 5.29). No contexto desse versículo estão Pedro e outros apóstolos proclamando a verdade do Senhor, mas, então, subitamente são jogados na prisão, tudo a fim de que não ensinassem o povo. Após serem libertados milagrosamente, o sumo sacerdote lhes orienta: "Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina, e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem" (v. 28). Aqui, vemos que mesmo diante de toda dificuldade e tendo de negar a si mesmos, os apóstolos preferiram antes obedecer a Deus do que aos homens.

Muitos casam-se e verdadeiramente não desejam sequer um único filho para seus casamentos, no entanto, esse não é o padrão bíblico. Contudo, como vimos anteriormente, não é necessário também um "amor apaixonante" por filhos, isto é, não se está em pecado caso não "morra-se de amor" por crianças. O fato que o Senhor quer nos ensinar é sobre a importância de reconhecermos os filhos como um desdobramento natural do casamento, de forma que ainda que não "amemos" ter crianças em nossas casas (pelo menos no atual estágio), devemos paulatinamente crer e aceitar o mandamento do Senhor, pois se assim fizermos, certamente Ele trabalhará nos corações e aos poucos dará amor e convicção para "mudar o propósito original" com que os cônjuges contraíram matrimônio.

2. "O casamento não foi feito para o prazer mútuo?" Em nenhuma parte das Escrituras nós encontramos que a ordem do Senhor é somente para se ter filhos, porém, também não encontramos qualquer autorização para os evitarmos; isto é, a Bíblia relata-nos que o casamento foi instituído para também dar prazer ao casal - note: também. O apóstolo Paulo no diz: "O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido" (1 Co 7.3). Em outras palavras, Paulo está dizendo: "Maridos, vocês devem fazer sexo com suas esposas, pois é seu dever; mulher, vocês devem se relacionar com seus maridos, pois também é sua obrigação." O próprio Paulo fala-nos que o sexo é um das formas de se "refrear" o pecado: "Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido" (1 Co 7.2). Ora, o que o apóstolo está tratando é sobre a beleza do casamento e uma das bênçãos decorrentes dele, a saber, que é devido ao pecado que nos instiga à profanação de nossos corpos com "qualquer um", todo homem e mulher que assim são chamados pelo Senhor ao santo matrimônio, devem ter seu próprio (e único!) cônjuge, refreando assim os impulsos da carne e tendo um meio lícito e abençoado de ter prazer na criação do Senhor. Isso é tão verdade que levou o apóstolo a continuar e dizer: "Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência" (1 Co 7.5). Novamente, em outras palavras: "Casais, não deixem de fazer sexo, exceto se precisarem se dedicar ao jejum e à oração (por algum motivo específico), pois se esse não for o motivo, Satanás irá tentá-los de muitas maneiras, afinal, vocês estão privando um ao outro da bênção do Senhor e não ajudando seu amado(a) a vencer as tentações através do meio provido pelo Senhor - o sexo". Para a palavra do Senhor, o fazer sexo traz também prazer, mas é a única finalidade, isto é, momentaneamente é a finalidade (mútua) em si, mas deve-se sempre contemplar a possibilidade do Senhor enviar filhos (veremos isso melhor no ponto X).

3. "Mas a Bíblia não nos proíbe de não querer ter filhos..." Não nesse sentido específico, mas Jesus alertou os seus discípulos dizendo: "Adverti, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus" (Mt 16.6). Também o apóstolo Paulo nos diz: "Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?" (1 Co 5.6). Assim como aqueles homens deveriam ter todo o cuidado com as sutilezas dos fariseus, assim também nos é mister não introduzir ensinamentos contrários à palavra de Deus e, também, nos escusarmos da obediência, apenas porque "não está proibido". Se assim for, onde temos a proibição para se ter um show de rock em lugar dum culto? Qual a passagem que nos proíbe trocar a pregação por um teatro? Onde está o versículo que nos proíbe trocar os elementos da ceia (por bolacha recheada e refrigerante, por exemplo)? Acaso existe um versículo específico que proíba os pais de deixarem seus filhos presos no quarto e sem comida? Ora, não é preciso se delongar para entender que, apesar de não termos versículo literais e com proibições específicas sobre essas perguntas, não obstante, o Senhor proveu-nos toda a Sua Escritura que é capaz de sanar nossas dificuldades (2 Tm 3.16, 17) e responder-nos essas questões. Se desejarmos nos desculpar sob o falso pretexto de que não há uma proibição expressa sobre evitar-se em filhos, então que ao menos seja-se "coerente"e faça-se tudo o que o coração mandar, afinal, supostamente, "tudo que não é proibido, é permitido".

4. "Não era parte da cultura judaica onde a taxa de mortalidade infantil era muito alta?" Há certos espíritos inquietos que gostam de sempre apelar para o contexto histórico; não que ele não seja importante, mas para tais pessoas, usar o contexto histórico é uma boa forma de se eximir do dever de obedecer. Ora, penso que não necessário refutar tal posição, pois acaso o mandamento do Senhor está atrelado ao fato de muitas crianças morrerem logo ao nascer ou pouco tempo depois? Em algum lugar lemos que a ordem era, "frutificai e multiplicai-vos, pois em vosso texto muitas crianças perecem ainda na infância"? Certamente que não! Assim como o salmista nos disse que os filhos são como flechas na aljava de um arqueiro, assim também devemos entender, isto é, que independe de muitos nascerem e crescerem ou de muitos morrerem ainda prematuros.

5. "Não tenho/temos a mínima condição financeira para isso." Se você é ainda é solteiro, mas já visualiza que não tem possibilidades financeiras de sustentar a si mesmo, à sua esposa e, quem sabe, se assim foi do agrado do Senhor, um filho (ou alguns), então aguarde até que tenha tais condições, pois se lançar num relacionamento e não conseguir sustentá-lo, é algo terrivelmente contrário à palavra de Deus. No entanto, talvez se pergunte: "quanto é necessário se ganhar para se sustentar?" A resposta é que não há resposta. Tudo dependerá se você já tem uma casa/apartamento, se paga aluguel, se é dono de seu próprio negócio, se já pagou seu carro ou ainda está para comprá-lo (ou se não quer ter um), da região onde mora... Isto é, para alguns solteiros (ou casais) que já conquistaram algumas coisas (ex: comprar e pagar a casa e o carro), talvez com R$1.500,00 - R$2.000,00 consigam passar um mês "tranquilo"; já para outros, essa quantia seja o "mínimo" que precisam ajuntar.

Entretanto, não ter condições não é sinônimo de autorização para se violar o mandamento do Senhor. Se algum casal que vê-se compelido a seguir a ordem do Senhor, mas não possui condições suficientes, deve em primeiro lugar, confiar no Senhor, pois sob tudo o que Ele ordena, também provê as condições para se executar; e em segundo lugar, o marido já deve buscar "visualizar" alguma forma de sustentar um (ou mais) possível filho que virá - assim como cabe à igreja local o auxiliar a família com necessidade.

6. "Colocar isso em prática frustrará nossos planos particulares." A palavra do Senhor é bastante clara: "Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo" (Tg 4.13-15). Ao conversarmos com algumas pessoas (solteiras e casadas), percebemos que além do não conhecimento da ordem do Senhor, atrelado a isso vem o sentimento de que "uma vez casado, quem manda aqui somos nós", ou seja, eles veem o casamento quase que como uma liberdade para dirigirem suas vidas conforme lhes apraz (o que não era possível no tempo em que viviam com seus pais - ou quem os criou). Porém, por detrás desse sentimento muitas vezes mora um perigo chamado "orgulho" - o orgulho de achar que é melhor desobedecer ao Senhor do que lhe render louvores e cumprir o mandamento. Não são poucos os casais que afirmam não ter "tempo" e/ou "dinheiro" para criar filhos, todavia essa é apenas a ponta do iceberg, pois a razão principal é que desejam viajar, passear comprar, gastar tempo e dinheiro, fazendo -supostamente - com que os filhos não sejam algum agradável, afinal, demanda-se um pouco gasto da criação da prole. O próprio versículo acima nos diz claramente para não criarmos muitos planos para o futuro, não que não devamos planejar nossa vida, mas sim que não devemos querer decretar o que irá acontecer, pois tudo (passado, presente e futuro) pertence ao Senhor. Todos têm o dever de cumprir o mandamento, de forma que aquele(s) que assim não procede, não é agradável aos olhos do Altíssimo, porque não deseja cumprir Suas ordenanças, pois pensa consigo mesmo que pode ter planos melhores que o Eterno.

7. "Tenho medo de que meu corpo fique 'feio' depois do nascimento dos filhos." Em primeiro lugar é preciso deixar claro que isso não é uma regra, isto é, humanamente falando, nem toda mulher fica "feia" depois do nascimento dos filhos. Ademais, procure por toda a Escritura, use chaves bíblicas e tenha todas as referências, e, mesmo assim eu lhe garanto: você não encontrará um único texto que diga que a mulher é ou torna-se feia. Pelo contrário, temos a afirmativa do sábio que diz: "Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa sim será louvada" (Pv 31.30). Para a revelação de Deus (isto é, sua palavra), a mulher torna-se bela quando obedece aos mandamentos do Senhor e quando anda em integridade diante de seu marido e do próximo - e, jamais, porque é bela aos olhos dos homens. Para a palavra do Senhor, não há bonito nem feio, alto ou baixo, pois "não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3.28). O marido que teme ao Senhor certamente não deixará de amar sua esposa por causa de alguma possível (ou não) mudança em seu corpo, e nem deixará de apreciá-la como mulher por causa disso - muitíssimo diferente será: o marido passará a amar ainda mais sua esposa, pois uma vez que percebe nela o temor do Senhor, vê que ali há grande fonte de sabedoria e conhecimento; "O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento" (Pv 1.7). As Escrituras advindas do Deus soberano nos mostram que diante do d'Ele não há diferença. Se, então, diante do Altíssimo não há beleza humana, por que haveríamos de nos importar com o que o mundo nos impõe? Às amadas irmãs no Senhor que têm esse receio, Deus lhes diz: "E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus" (Rm 12.2). Para Ele, vocês sempre serão belas.

8. "Filhos são muito teimosos e rebeldes!" Não são poucas as pessoas que dizem: "Eu não tenho paciência com criança!" Entretanto, a obediência ao Senhor não está relacionada com nossa paciência ou desejos pessoais, mas sim na necessidade de se executar os comandos do Senhor. É preciso atentar  para não cairmos no mesmo erro de muitos: achar que os filhos são "anjinhos". Não, definitivamente não. Os filhos, por menores que sejam, não são anjos, mas vis pecadores; por isso, lembre-se da misericórdia e das palavras de Jesus sobre quantas vezes deve-se perdoar um pecador Mas há, penso eu, ainda algo que pode nos ajudar nessa questão: pense do ponto de vista de como Deus vê o seu relacionamento com Ele. Quantas são as vezes que você não lhe dá ouvidos? Não é verdadeiro que você constantemente se rebela contra a vontade Soberana? Acaso, de um modo figurado, você não chega a cuspir no Senhor com seus pecados constantes e afrontas descaradas? Por essas e outras é que precisamos compreender de que por mais "teimosos" e "rebeldes" que possam ser as crianças, não somos diferentes para com Deus, e, se há alguma diferença, ela é para pior - pois muito mais terrível do que os filhos podem nos fazer, é o que fazemos a Deus.

9. "Tenho medo de que meus filhos possam morrer ainda pequenos (ou quando grandes)."  Esse é um temor, se posso assim dizer, relevante. É de fato um grande “risco” (humanamente falando) criar filhos e filhas, pois sempre há a possibilidade de virem a morrer enquanto ainda estamos vivos. Contudo, pela graça de Deus, temos a história de homem chamado Jó que padeceu de coisas muito mais terríveis do que nós já passamos. O relato de Jó tem muito a nos ensinar, pois a Bíblia diz que apesar de ser homem justo e íntegro (Jó 1.1), foi fortemente afligido por doenças, perdeu suas posses e, mais, perdeu também todos os seus filhos (Jó 1.19 - todos de uma vez!). Certamente que grande temor, medo e pavor se instauraram naquela bendita alma, contudo, por fim, Jó reconheceu: "Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido" (Jó 42.2), de modo a ensinar-nos que apesar de muitas mazelas e mortes poderem se abater sobre nossas vidas, é sempre o Senhor que está no controle e rege soberanamente nossas vidas – "o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR" (Jó 1.21) -, de modo que poderemos sempre crer que "todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rm 8.28), ainda que humanamente sejamos tentados a entender o inverso.

10. "Não conseguimos colocar em prática, pois o mundo de hoje é muito perigoso." Se esse é o seu temor, digo-lhe que é um justo temor. É muito verdade que vivemos em dias complicados e onde, embora a Igreja esteja militante pelo avanço do evangelho, os ímpios estão cada vez malignos e contrários ao senhorio de Cristo. Contudo, devemos fazer a seguinte pergunta: "Houve algum momento em que não foi perigoso ter-se filho?" Ao olharmos para Adão e Eva, vemos que Adão teria de "suar a camisa" para sustentar sua família; Eva teria de submeter-se ao seu marido (o que já lhe era requerido antes da queda) e cuidar da sua casa; "maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo" (Gn 3.17-18). - mostrando o quão dificultoso seria retirar o sustento da terra (em comparação ao estágio pretérito ao pecado). Depois disso temos o nascimento de Caim e Abel - logo, então, há o primeiro assassinato da história. Depois temos Noé que precisava viver em meio a um mundo corrompido e constantemente inclinado para o mal. Vamos então até Abraão e sua saída do meio de seus parentes; depois avancemos até Jacó e que tem seu filho "morto", mas que posteriormente aparece no Egito (José). Que diremos ainda de Moisés e de seu povo que eram escravizados no Egito; e mais, cujos filhos as parteiras deveriam matar? Há algo pior do que uma peregrinação pelo deserto com filhos e filhas pequenos e ainda outros que nasciam durante o percurso, sem falar na medicina rudimentar? Penso que esses exemplos já nos mostram que desde sempre o mundo foi hostil e que, portanto, não há razão para apelarmos a essa justificativa.

11. "Então quer dizer que praticamente todo ano minha esposa ficará grávida?!" Não, isso não é verdade; pois em primeiro lugar, devemos lembrar que a medicina não controla os intentos do Senhor, de modo que podemos e devemos ter uma espécie de alegria trêmula, isto é, um temor por saber que pode-se sempre nascer uma filho (e, então, devemos sempre nos preparar para esse fato), mas, ao mesmo tempo, uma alegria de que é o Senhor quem manda os filhos e assim o faz no tempo que Lhe apraz. E, em segundo lugar, porque humanamente falando, não são todos os casais que não usam contraceptivos e sempre tem um novo filho à espera. Portanto, nossa confiança primeira não deve-se basear naquilo que a medicina diz, mas no Senhor que a tudo controla e que executa tudo para o bem dos que O amam (Rm 8.28), de forma que constantemente podemos (e devemos) descansar n'Ele, pois jamais dará filhos para atrapalhar-nos, e sim, sempre para nossa bênção e Seu louvor.

12. "Já temos X filhos, não podemos ter outros mais." Pode ser que algum leitor encaixe-se e se assemelhe a essa declaração, isto é, já tem um ou mais filhos e, como dizem, "para nós, chega". Muitos casais planejaram-se e hoje estão numa situação onde podem dizer: "cumpri a vontade de Deus - coloquei alguns filhos no mundo". No entanto, a palavra de Deus nos diz: "os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR" (Is 55.8). Isso significa algo muito sério para todos nós, a saber, que não somos donos do futuro e não cabe a nós restringir a herança do Senhor. Certamente que tais casais (sejam jovens, ou nem tanto) muitas vezes se veem como que numa "missão cumprida"; porém, acima de tudo, devemos buscar obedecer ao Senhor. Lembremos de Abraão e Sara - já em idade avançada, com a vida "feita", não tendo mais com o que se preocupar (humanamente falando), mas que ouvem do Senhor: "Sara, tua mulher, te dará um filho" (Gn 17.19). Aqui, quero enfatizar não a idade do casal, mas em qual momento de suas vidas o filho lhes foi dado: quando menos esperavam. De igual modo, todos nós devemos estar dispostos a obedecer ao Senhor e estarmos prontos para se Ele nos mandar filhos, ainda que em tempo "não oportuno" (segundo nossos julgamentos), os tomarmos como bênçãos advindas da mão do Artífice.

13. "Preciso ter o máximo de filhos que conseguir?" Há um movimento nos Estados Unidos da América (e, quem sabe, espalhado em outros lugares ao redor do mundo) chamado "quiverfull", isto é, "aljava cheia". Esse movimento proclama a ideia de que o casal deve ter o máximo de filhos que conseguir. Na prática isso se traduziria em: "Sempre que puderem, façam sexo - pois é preciso procriar". Contudo, essa não é a visão bíblica. O que as Escrituras nos ensinam é sobre não evitar-se ter filhos, e, não, "tenha quantos puder". O casamento cristão não é uma busca desenfreada por filhos, como se, por exemplo, deixasse-se de passear porque há necessidade de procriar. Não somos animais sem alma e por isso temos consciência de que nem sempre "é hora de fazer sexo". O casal cristão deve viver sua vida normalmente, apenas sempre estando cônscio de que se for do agrado do Senhor, ela irá engravidar.

14. "Há um limite máximo para se ter filhos?" Alguns podem pensar que o correto é não se evitar os filhos, contudo, podem achar que há um limite "máximo". É fato que o salmista nos ensinou sobre que os filhos são como flechas numa aljava, isto é, aparentemente, conforme lemos [1], cabe-se em média 15 flechas numa aljava, o que numa primeira instância poderia dar a entender que 15 é o número limite. No entanto, o salmo não está falando de forma literal, caso contrário os filhos seriam também flechas literais que são lançadas por aí. Ademais, em outro Salmo, nós lemos: "A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa" (Sl 128.3). Portanto, se de um lado temos um aparente limite (a aljava), do outro temos a declaração que a mulher será uma "videira frutífera" e que seus filhos serão como "plantas de oliveira" - e quem saberia precisar qual a quantidade máxima de cachos (ou de bagos de uva!) que uma vide pode dar? Ou ainda, quem intentará estabelecer um limite para a quantidade de azeitonas que uma oliveira pode produzir? Portanto, não há um limite máximo, assim como não há um mínimo - dependerá da vontade do Senhor.

15. "Usar métodos anticoncepcionais é violar o sexto mandamento?" O sexto mandamento é: "Não matarás" (Êx 20.13). É preciso dizer que o mero utilizar-se de métodos contraceptivos, seja ele natural (o caso de Onã) ou "artificial", não implicam em violação direta do mandamento, pois o sêmen por si só (ou o óvulo) não consegue criar vida, isto é, não somos seres assexuados e que sozinhos conseguem se multiplicar. Porém, o uso desses métodos poderia ser classificado como um "pecado por intenção", isto é, em outras palavras o casal diz: "nós não queremos dar a oportunidade de nascimento aos espermatozóides e óvulos". Lógico que isso também não significa que se está abortando (literalmente), no entanto, é uma intenção em se violar o sexto mandamento, pois ainda que não se assassine, se faz o possível para que o indivíduo em potencial que não venha à vida. Essa compreensão é sustentando pelo ensino apostólico que diz: "Qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3.15). Aquele que xinga e odeia seu irmão também é um homicida, segundo a palavra de Deus. Por isso podemos compreender claramente que a violação do sexto mandamento não consiste apenas em tirar literalmente a vida de outrem, e sim que o simples fato de ignorar-se alguém e desejar que tal pessoa "morra", já é uma violação.

16. "Em caso de doença, pode-se usar métodos contraceptivos?" Nesse ponto, embora tratemos de maneira rápida, de modo algum desejo transparecer um sentimento de pouca importância ou menosprezo para com as irmãs (ou irmãos) que tem alguma doença realmente grave e/ou transmissível. É preciso deixar claro que com relação à obediência das Sagradas Escrituras pode-se não aplicá-la com duas motivações diferentes: por arrogância ou por fraqueza. Não aplicamos os mandamentos por arrogância quando lemos a palavra de Deus, entendemos sua aplicação para nós e dizemos: "não seguirei, pois não quero". Muito diferente disso é a não aplicação por fraqueza, onde no lugar da prepotência, orgulho e egoísmo, dizemos: "Senhor, compreendi a Tua palavra, mas não tenho forças para aplicá-la... me é muito difícil colocar isso em prática... modificará toda minha vida... Senhor, ajuda-me a colocá-la em prática!" Essa, portanto, é quase que uma súplica diante da fraqueza e da impossibilidade (seja pelo motivo que for) de se seguir o ordenado por Deus. Creio que esse é o estágio de muitos crentes (que pela graça de Deus estão sendo mudados pelo Senhor), pois estão lendo a palavra de Deus, compreendem (ainda que brevemente) o mandamento, mas só de pensar em colocá-lo em prática já tremem e temem pelo futuro.

É preciso, então, a partir dessas duas formas de não se aplicar o mandamento (por arrogância ou por fraqueza), pontuar algumas questões: Devemos entender que nem todos os membros conseguem ter a mesma convicção e nem todos estão aptos (nesse exato momento) para se desvencilhar das dúvidas com a mesma "rapidez" que outros. Se há algum caso de doença "menos grave", como por exemplo, a mulher que utiliza-se de anticoncepcionais para ajudar na controle da acne ("espinha"), ela deve, juntamente com seu marido, buscar uma forma alternativa de se tratar esse problema, haja vista já se ser possível controlar de outras formas (sempre, é claro, confiando no Senhor). Porém, pode ser que o [seu] caso não seja de acne, mas de ciclo menstrual irregular - o que logicamente leva a uma insegurança por parte da mulher, pois ela não consegue ter um controle exato dos dias. Aqui, sei que é um ponto complicado para a esposa, mas certamente com a ajuda do Senhor e, também, buscando-se outro método, pode-se normalizar esse quadro (novamente, sempre confiando no Senhor e sabendo que a obediência a Ele certamente é importante). Vejamos também que existem mulheres que se utilizam do anticoncepcional para tratar o chamado "ovários policísticos" (cistos nos ovários). Essa patologia por vezes resulta em fortes cólicas à mulher, o que eventualmente pode levá-la até mesmo a ser submetida a um processo cirúrgico. Entretanto, assim como no caso anterior, a mulher deve buscar o Senhor em oração e rogar-lhe para que sendo do Seu agrado, providencie outras formas de tratamento ou ainda que a cure. Há também a possibilidade de algum dos leitores ter alguma doença sexualmente transmissível, o que é algo bastante complicado e que comumente levam os casais a usarem algum tipo de preservativo. Devido ao intuito desse estudo ser o de responder brevemente as perguntas, não poderemos nos alongar nesse ponto (o faremos, quem sabe, segundo a vontade de Deus, em momento oportuno) - mas algo precisa ser dito: nesse caso, usar "camisinha" não é um pecado que levará, se assim posso me referir (apenas para exemplificar os "graus" de malignidade), à condenação eterna (embora todo pecado por si só já dever-nos-ia levar ao inferno - louvado seja o Senhor por sua graça e misericórdia!); contudo, é sempre um pecado, pois ao exemplo do veneno, qual a diferença entre tomar-se "tudo de uma vez" ou ir se envenenando aos poucos? No entanto, também preciso deixar registrado que, caso alguém queira ir contra os limites da "natureza", isto é, preferem antes obedecer ao Senhor, do que evitar os filhos, para estes a Bíblia dá grande estímulo - conforme registrado"Depois falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado ao sacerdote, E o sacerdote sairá fora do arraial, e o examinará, e eis que, se a praga da lepra do leproso for sarada, Então o sacerdote ordenará que por aquele que se houver de purificar se tomem duas aves vivas e limpas, e pau de cedro, e carmesim, e hissopo" (Lv 14.1-4).

Esse episódio nos é muito claro ao ensinar que mesmo diante da possibilidade (naturalmente falando) do sacerdote ser contaminado pela lepra (ou algum outro tipo de doença de pele), ele deveria fazer o ritual de purificação do doente. Isto é, humanamente falando, Deus estaria como que pedindo (no sentido de não deixar outra opção), em outras palavras, que os sacerdotes fossem atingidos pela doença e passassem a tê-la (lembremos na "medicina" precária que havia naqueles tempos), contudo, o Senhor também estava para ensinar que apesar de muitas coisas serem "transmissíveis", só é atingido aquele a quem assim o Senhor designa. Em outras palavras: nem sempre a doença, por mais "grave que seja", será um "bom" motivo para se violar o mandamento.

17. "Podemos usar o método da 'tabelinha' para se evitar filhos?" O método da “tabelinha” é aquele baseado em estudos científicos que especificam os dias “férteis” da mulher (comumente nos três dias antecedentes à menstruação e nos três seguintes a essa). No entanto, em forma de pergunta, surge-nos um problema com esse método: é lícito negar a devida benevolência ao cônjuge? Paulo nos diz: “negar benevolência”. Em outras palavras, seria correto não ajuntar-se nesses dias para evitar o nascimento de um filho? Olhemos, então, que de modo sutil, esse é um método “natural” para se evitar filhos; não chega a ser um meio pecaminoso, mas caso alguém se utilize dele, deve orar a Deus para que os liberte do receio de filhos e permita que a relação flua de maneira natural. Contudo, há uma falha nesse “sistema”: ele não leva em consideração a soberania de Deus e exalta a medicina ao lugar supremo da fertilidade. Portanto, com ou sem “tabelinha”, os filhos do Senhor vem no momento em que Ele desejar; É o Artífice quem define o ano, mês e dia que a criança irá nascer, e não o homem (por meio da medicina).

18. "Sou casado(a) com uma incrédula(o) - o que devo fazer?" O apóstolo Pedro nos dá uma boa diretriz para essa questão: "Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações" (1 Pe 3.7). Se você está no papel de homem cristão e é casado com uma mulher não cristã (oremos para que o Senhor a regenere e faça-a cônscia de seus pecados), é prudente ir devagar e ensiná-la acerca do que o Senhor requer do marido cristão. Você pode começar ensinando-a acerca do dever do homem na família, explicando a ela que, você, como "cabeça" do lar, deseja ser um líder nos padrões de Deus - no entanto, faça isso com amor e não espere, talvez, uma mudança "da noite para o dia". Mas, se seu caso é de mulher cristã casada com um descrente (oremos também por Ele), então você deve ir "mais devagar ainda", pois as Escrituras nos ensinam sobre que a mulher deve "conquistar" o seu marido (para o Senhor) através de boas obras e de uma conduta exemplar - conforme o apóstolo Pedro também escreve: "Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem a palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra, Considerando a vossa vida casta, em temor" (1 Pe 3.1-2). Tentar baixar um "decreto "e dizer que "não irá mais usar anticoncepcionais ou que não aceitará uma relação sexual com preservativo", é ir contra o padrão estabelecido pelo Senhor. Não tente também mentir ao seu esposo dizendo que continua tomando anticoncepcionais, quando na verdade não o faz, pois em hipótese alguma a mentira é permitida ou é tida como um meio lícito de se "conseguir" aplicar a vontade de Deus. Com amor e paciência, tente ensiná-lo da verdade bíblica, mas caso ele não acate o mandamento, tenha sua consciência tranquila de que ao menos tentou e lhe expôs a doutrina.

19. "Meu marido já fez vasectomia (ou, eu fiz laqueadura - ou outra cirurgia) - ele(eu) está(ou) em pecado?" Lemos na palavra de Deus: "Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras" (Ap 2.5) - contudo, o que fazer caso não seja mais possível "voltar atrás"? Um belíssimo e confortante verso, então nos diz: "Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, E as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades" (Hb 10.16-17). Pela inefável graça do Senhor e por Seu sacrifício na cruz, Ele prometeu "não se lembrar" de nossas iniquidades, isto é, uma vez regenerados pelo Senhor, tanto nossos pecados passados, como do presente e também os do futuro, estão cravados na cruz e foram pagos pelo Senhor. Nesse caso, cabe ao homem (ou a mulher) arrepender-se e viver maravilhosamente jubilante diante do Senhor, pois apesar de sua iniquidade, temos o alento do Senhor: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça" (1 Jo 1.9).

20. "Usar contraceptivos é razão para não ser aceito na igreja ou dela ser excluído?" A filiação à Igreja de Cristo é algo deveras importante para todo cristão, contudo, ninguém deveria tornar-se membro por causa de alguma afeição não prescrita nas Escrituras, pois somente devemos nos tornar membros do corpo de Cristo por causa da doutrina ensinada por Ele e pela ordem do Senhor para que não deixemos de congregar (Hb 10.25). Baseado nisso, isto é, que devemos nos filiar à Igreja por causa do reto ensino que lá é (ou deveria!) ensinado e também com respeito às duas formas diferentes de se desobedecer ao Senhor (visto na pergunta 14), então entendemos que caso o casal aceite a doutrina, mas não consiga pô-la em prática (por fraqueza e debilidade - ainda que isso configure pecado), podem ser admitidos como membros (ou podem continuar a ser), pois não estão agindo por rebeldia nem disseminando a desobediência ao Senhor, mas não o fazem por fraqueza (e, portanto, devemos continuar auxiliando esses irmãos para que no tempo oportuno possam obedecer ao Senhor). Contudo, caso o casal não aceite e assim o faça por rebeldia e - também, mas não necessariamente - instigue os  outros membros a não obedecerem ao Senhor, então devem ser tratados de forma pastoral a fim de que entendam a doutrina e se convertam se sua ira. Caso isso não resulte em mudança e eles continuem a "provocar" os outros membros a se desviarem do Caminho, então, dependendo do caso, pode haver justa razão para exclusão, pois em vez de promoverem a união do corpo de Cristo, procurando dividi-lo; sendo semelhantes à Satanás e suas astúcias infernais: "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar" (1 Pe 5.8).

21. "Somos cristãos, mas não achamos que esse é o entendimento correto." Pode ser que algumas pessoas tenham lido esse material, mas até o presente momento não se convenceram da veracidade do mesmo. A estes, assim como em todas as doutrinas, peço humildemente que leiam com atenção a palavra de Deus e, principalmente, atentem para dois preciosos versículos: "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2 Tm 3.16-17). Se toda a Escritura é de fato inspirada por Deus e é realmente útil para nos tornar aptos para a obra de Cristo, então necessariamente dentro dela nós encontramos a resposta para essa questão. Você tem toda liberdade para discordar de mim sobre o que escrevi e da forma como me expressei, entretanto, não possui qualquer liberdade para discordar da Palavra do Senhor. Se algum dos leitores não se convenceu, peço que se lance às Escrituras e procure, então, alguma forma de defender o uso de anticoncepcionais e sonde igualmente por alguma autorização do Senhor para que assim se faça. Também solicito que busque ler livros históricos, dos pais da igreja, dos reformadores e dos puritanos e então averigue se houve algum movimento cristão verdadeiro que defendeu o contrário do que temos visto. Se encontrar, peço gentilmente que me contate, pois, como pecador, posso estar errado.

22. "Entendi a doutrina, mas por onde começo?" Se apesar de todo receio e temor por certos acontecimentos, o Senhor lhe(s) deu graças para por em prática o vimos até aqui, permita(m)-me lhe(s) aconselhar sobre por onde começar: Talvez boa parte do que vimos até aqui seja totalmente contrário ao que você pensou e/ou planejou para sua vida (o que também aconteceu comigo), por isso compreendo que seja “normal” certa dificuldade em se desvencilhar de certos métodos contraceptivos. Em primeiro lugar, caso você seja solteiro(a), é preciso que busque casar-se com uma mulher (cristã, é lógico) que entenda esse ensinamento do Senhor; caso você namore e ela(e) ainda não entenda, procure explicar de forma gradativa e instruí-la(e) em amor e piedade. Em segundo lugar, se você for casado (seja homem ou mulher), lembre-se de que não vive mais para si mesmo, mas para o outro (assim como Cristo viveu e morreu por Sua igreja). Isso implica em dizer que deve-se ensinar seu cônjuge - não imponha, grite ou tente ganhar a discussão por mera persuasão humana (lembre-se das palavras de Paulo: "A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder" - 1 Co 2.4) - mostre que seu desejo não é o de destruir os sonhos e planejamentos que tinham feito, mas sim o obedecer à palavra do Senhor. Uma vez entendida a doutrina e tendo orado sobre ela, retirem da relação os métodos contraceptivos e anticoncepcionais e ponham em prática a doutrina de Senhor.

Um último apontamento: Não é pecado orar ao Senhor para que não mande filhos ao casamento - você(s) não estará em pecado caso não deseje ter filhos e filhas. Contudo, lembre-se da oração ensinada por Jesus: "...Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu" (Mt 6.10 - grifo meu). Embora você possa orar para que Ele não lhe dê filhos, reconheça Sua soberania, humilhe-se diante de Sua poderosa mão e faça como o Mestre, que, mesmo à beira de sentir a ira de Deus, reconheceu e disse: "Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade" (Mt 26.42 - grifo meu).

Nota:
[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Aljava - acessado dia 19.04.2012

sexta-feira, 27 de abril de 2012

A Lei de Deus na Vida do Cristão


Muitos intérpretes têm estado perplexos com o fato de Paulo poder dizer que confirmava a Lei, especialmente considerando as muitas passagens em suas epístolas que parecem revogá-la. Uma sugestão é que Paulo não queria dizer nada mais que, agora, a Lei é confirmada no sentido de que a verdade à qual testemunhava se sucedeu (v.21 [Rm 3]). No entanto, esta interpretação é claramente insuficiente. Outra sugestão, baseada na visão de que essas palavras referem-se à Lei cerimonial, encontra seu significado no fato de que as cerimônias e tipos foram cumpridos em Cristo. Essa, novamente, não é totalmente adequada, porque quando o apóstolo fala sobre a Lei nessa passagem, ele certamente inclui a Lei moral.

A Lei é confirmada pelo Evangelho de três formas. Em primeiro lugar, com relação às suas penalidades: esse aspecto foi confirmado em Cristo, que satisfez a justiça de Deus. Em segundo lugar, com relação aos seus requerimentos de perfeita obediência: isso também foi cumprido em Cristo. Em terceiro lugar, e o que parece ser o propósito principal de Paulo nessa passagem, a Lei é confirmada pelo Evangelho porque o crente obtém graça, em alguma medida, para cumprir a Lei. O crente, assim, ainda mantém a Lei em sua parte preceptiva, e pela fé em Cristo é auxiliado a uma vida de obediência a ela. A verdade que emerge de um entendimento correto das palavras de Paulo nessa passagem é, então, que a doutrina da graça, quando vista em seu grau mais elevado e completo, não destrói a Lei, mas, antes, a confirma.

[...] A transformação causada pela graça de Deus não é uma mudança na Lei, mas uma transformação nos pecadores com respeito à Lei.

Uma das tentativas de excluir a Lei de Deus da vida do crente é baseada na declaração ilógica de que a Lei, como tal, é anulada mas sua substância permanece obrigatória. Mas, como uma obrigação pode estar presente sem a presença também daquilo que essencialmente é lei? A Lei implica obrigação e vice-versa. Visto que a continuidade da substância da Lei carrega a obrigação, então, quando um crente não caminha de acordo com sua obrigação, ele peca. Não concordar com a obrigação é o mesmo que não concordar com a Lei. Novamente, dizer que a substância da Lei obriga, porém não como lei, é uma contradição em termos; porque o que é a lei se não algo estabelecido por comando e vontade de um superior? Se isso for forçado a uma aplicação particular, pode-se perguntar se o amor por Deus, que é a substância da Lei, também não é a vontade de Deus. Pode parecer ilógico declarar que o amor a Deus deveria obrigar os crentes meramente porque a essência, em si mesmo, é boa, mas que não deveria, de forma alguma, obrigá-los porque Deus deseja que eles o amem. Além disso, as visões que condenam a Lei de Deus devem, necessariamente, negar não apenas a natureza obrigatória da Lei, mas até mesmo a vontade de Deus em requerer que os crentes o amem, visto que a lei nada é além da vontade daquele que a faz.

Por Ernest Kevan
Fonte: A Lei Moral, Ed. Os Puritanos - págs. 86-89.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

10 Breves Considerações sobre a "Porta e o Caminho Estreito"


"E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem" (Mt 7.14).

1. Não há muitas e diversificadas interpretações da Escritura;
2. Só existe um caminho, uma forma correta e um ensinamento bíblico acerca das coisas do Reino;
3. Sendo Cristo o caminho, deve-se andar como Ele andou e seguir a Lei que Ele seguiu;
4. É uma porta, e, embora não seja física, é o único caminho pelo qual pode-se adentrar o Reino dos céus;
5. É apertado, pois, ou anda-se na linha e na Lei do Senhor, ou se está fora;
6. É descrito como um caminho, e, não, como uma nuvem de algodão doce ou um mar de rosas;
7. Tal caminho conduz à vida - ou se está nele e encontra-a, ou se está está fora e a morte é seu galardão;
8. São poucos, não muitos; não são todos que a encontram - esqueça o Universalismo.
9. Nem todos a encontram, pois não desejam a porta estreita, mas sim a larga e mui propícia porta da farra, diversão e rejeição da Lei de Deus.
10. Somente a encontram aqueles que estão no caminho; não há salvação fora de Cristo e de Sua estrita palavra reguladora.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Efésios 1.8 - "Que ele fez abundar toda a sabedoria e prudência" - Exposição em Efésios - Sermão pregado dia 22.04.2012



Efésios 1.8 - "Que ele fez abundar toda a sabedoria e prudência"
Exposição em Efésios - 
Sermão pregado dia 22.04.2012

"Que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência" (Ef 1.8).

Tendo Paulo ensinado-nos sobre que somos abençoados nas regiões celestiais em Cristo (v. 3), que isso se dá graças à eleição maravilhosa do Senhor feita antes da fundação do mundo (v. 4), havendo também dito que isso decorre por vias predestinadas pelo Eterno, a fim de que possamos andar no justo e reto caminho que Ele planejou (v. 5), tudo redundando em glórias Seu nome (v. 6) e tudo isso sendo possível a nós pecadores por causa da redenção que temos em Seu sangue precioso (v. 7), agora o apóstolo como que inicia uma nova parte de sua - extensa - saudação aos irmãos de Éfeso e diz-lhes que, uma vez estamos fixados em Cristo, por causa d'Ele abundou a Sua sabedoria e prudência em nossas vidas.

Nos é preciosa a palavra de Deus, pois não "em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (At 4.12), o que transmite-nos a importância que nos é necessária ao lermos as Santas palavras do Mestre Supremo, de modo que de maneira alguma possamos crer (nem mesmo por um minuto!) que habita algum bem em nós ou que reside em nossos corações alguma fonte de sabedoria e prudência. O intento do apóstolo é fortalecer aos crentes e os animar à glorificação do Senhor Jesus Cristo, pois uma vez que fomos criados por Ele, salvos por Ele e adotados por Ele, então a sentença quase que é lógica, isto é, só resta dizer: "irmãos, a sabedoria de Cristo abundou em seus corações!" No entanto, para a mente mundana, sempre parecerá obscura a afirmação de que os crentes possuem o conhecimento de Deus. Para eles, os cristãos ou são uma espécie de raça mística que consegue se comunicar com aquilo que não se pode ver, ou deve haver algo neles que o "mundo" não consegue entender.

Em sua oração ao Pai, nosso Salvador disse as seguintes palavras: "Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim" (Jo17.25). Aqui, relembremos o que o apóstolo havia dito anteriormente e que também ampliará no segundo capítulo da presente epístola (Ef 2.1), a saber, que precisamos ser adotados pelo Senhor para O conhecermos. Assim como a criança jogada no orfanato é impotente para destruir os portões e sair às ruas procurando por uma família, assim também éramos quando outrora estávamos sob a ira de Deus, de modo que não havia como nos engendrarmos em qualquer atitude positiva de nossa parte enquanto estávamos jogados no orfanato que nos excluía da salvação do Senhor. Esse, portanto, é um dos ensinamentos de Cristo, de que embora o mundo não tenha conhecido o Pai celestial, no entanto, Ele se fez conhecido através de Seu filho Jesus, e mais, que uma vez tendo conhecido ao Senhor, isto é, que por Ele foram salvos, agora podem conhecer também ao Pai, de modo que posteriormente, quando o Espírito Santo foi enviado como consolador (Jo 16.7), os crentes passam a conhecer toda a trindade e nada falta-lhes quanto aos mistérios divinos que aprove ao Senhor revelar - mas sobre isso o apóstolo tratará melhor no versículo seguinte (v. 9)

O apóstolo Paulo, sempre inspirado pelo Senhor e grandemente dotado de capacidade celestial, registra-nos em outro lugar um brevíssimo resumo concernente à sabedoria Eterna: "Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!" (Rm 11.33). De maneira bela e magnífica, as Escrituras revelam-nos que as riquezas da graça de Cristo nos são tão profundas, tão indescritíveis, tão insondáveis e tão inescrutáveis, que de modo algum temos razão ou porquês de nos lançarmos em filosofias mundanas e pensamentos vis, como se essas coisas perecíveis pudessem nos fazer entender melhor o pecado, a justiça, a retidão e uma miríade de outras coisas elencadas na cartilha cristã. Como homens e mulheres do Reino, nos é dever olhar para toda a Escritura que é inspirada (2 Tm 3.16, 17) e somente nela buscarmos o conhecimento do Altíssimo, pois que grandes coisas poderiam ultrapassar a profundidade extensa de riquezas e insondáveis juízos cravados na palavra do Senhor?

A santa e eterna palavra do Senhor precisa ser nosso guia constante para a cidade celestial e também é necessário que ela seja viva em nossos corações, pois à semelhança dos fariseus que muito sabiam, mas não praticavam, pois apegavam-se tão somente à letra não vivificada pelo Espírito do Senhor, assim também somos nós quando afirmamos estar em Cristo e lutar por Sua espada, mas não nos deixamos ser "abundados" por tal maravilha. Agir de tal maneira seria como se disséssemos que fomos lavados pelo sangue do Cordeiro, mas que quando olhamo-nos no espelho, não vemos roupa alguma, ao contrário, em similitude a Adão e Eva, encontramo-nos nus diante do Senhor (Gn 3.7).

Como que tornando a sabedoria em forma humana, o sábio escreve ao povo e diz: "Porque a minha boca proferirá a verdade, e os meus lábios abominam a impiedade. São justas todas as palavras da minha boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida. Todas elas são retas para aquele que as entende bem, e justas para os que acham o conhecimento. Aceitai a minha correção, e não a prata; e o conhecimento, mais do que o ouro fino escolhido. Porque melhor é a sabedoria do que os rubis; e tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela" (Pv 8.7-11). Aqui, que nenhum homem ouse olhar para essas palavras e pense meramente que o escritor está a falar de si próprio, como se estivesse a elogiar-se e conclamando aos outros para que o ouçam. O intento da palavra de Deus nunca foi exaltar a homens e render-lhes glórias, assim, desse modo, quando lemos os grandes feitos de Moisés, devemos olhar para ele como um tipo de Cristo que haveria de vir; em Salomão e toda sua sabedoria, que nenhum incauto deseje lhe render louvores ou pense consigo que poderá ter a sabedoria daquele rei, pois assim como Moisés, ele também prefigurava o reino poderoso e sábio de nosso Salvador. Por isso é que as palavras personificadas pela sabedoria são tidas  como verdade, pois em primeiro lugar, o sábio descreve "os meus lábios abominam a impiedade". Se a sabedoria divina abomina toda impiedade, então é mais do que certo que nela somente pode residir a justiça e retidão do Senhor. Em segundo lugar, somos informados que na sabedoria do Senhor "São justas todas as palavras da minha boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida". Incorporemos essa declaração com as palavras de 2 Tm 3.16,17 e, então, teremos uma harmonia perfeita das Escrituras, pois se a sabedoria aqui preconizada por um arauto era a própria voz do Senhor e, posteriormente temos o apóstolo afirmando que toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para nos habilitar à obra do Reino, então é mister que nos esforcemos para entender as Sagras Letras que podem nos fazer muito mais sábios que o mundo inteiro. Mas, perguntamo-nos: quem é essa tal de sabedoria? Eis a resposta:

"Porque quero que saibais quão grande combate tenho por vós, e pelos que estão em Laodicéia, e por quantos não viram o meu rosto em carne; Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo, Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência" (Cl 2.1-3 - grifo meu). Devemos lembrar que Paulo nos falará adiante que todas as coisas convergiram em Cristo Jesus (Ef. 1.10), de modo que isso coaduna-se perfeitamente com o seu próprio dito: "E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos" (Lc 24.44). Portanto, Cristo é a sabedoria que devemos buscar; Cristo é a sabedoria que clama em alta voz nos muros da cidade e nas portais principais (vide Provérbios); Cristo é o poder do Senhor; Cristo é tudo e somente Ele pode nos levar ao conhecimento do Deus verdadeiro - por isso não foi sem motivo que disse: "E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou" (Jo 12.45). Todo homem que é tocado pelo Espírito Santo de Deus através de Sua palavra, torna-se desejoso em conhecer mais e mais ou mistérios do reino celestial. Contudo, o Filho do Eterno (que também é Deus) adverte-nos para que não busquemos conhecer ao Pai sem olharmos para o Filho e contemplarmos Sua obra salvífica, pois "Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (Jo 4.24). Se desejamos adorar ao único Deus verdadeiro, devemos tão somente olhar para o Filho, pois Ele mesmo nos confiou dizendo: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14.6). Esse é o motivo principal pelo qual reputamos por completo erro àquela argumentação maligna que diz que todos os caminhos levam ao Senhor; pois se assim fosse, como nosso Senhor teria restringido à ida ao Pai, dizendo que somente poder-se-ia alcançá-lo mediante Sua obra? É a mais pura mentira satânica e diabólica tal afirmação, porque se assim fosse, não teríamos registrado que ninguém vai até Deus senão por Jesus Cristo, mas sim que o Filho é apenas um dos caminhos, e, caso assim tivesse sido, quem de nós labutaria nessa terra por apenas "um dos caminhos"? Isto é, por que sofreríamos por amor de Seu nome, se, quem sabe, pudéssemos achar uma rota alternativa ou outro "filho" que nos apontasse um atalho rumo à cidade celestial?

Mas, aqui, podem-se perguntar alguns crentes: como conhecer e fazer com que a sabedoria e prudência advindas do Senhor abundem em nossas vidas? Penso que possa haver três hábitos essenciais para isso:

1. Leitura contínua e exaustiva da palavra de Deus. Nosso Senhor Jesus prometeu-nos: "Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre" (Jo 7.38 - grifo meu). Aqui ele inicia com um pressuposto isto é: alguns creem em mim (pois o Pai é quem os envia). No entanto, vai adiante e diz: "como diz a Escritura". Grife bem essas palavras e crave-as em seu coração: em hipótese alguma pode-se ser um cristão se não se lê a Bíblia; e mais: não é possível crer verdadeiramente no Senhor a não ser conforme o que temos revelado em Sua palavra. Jamais houve um tempo em que homem algum pode conhecer ao Senhor apenas olhando para as estrelas ou divagando em filosofias "doutro mundo". Absolutamente todo o crente deve crer em Cristo conforme está registrado nas Escrituras! E, caso alguém pergunte-se sobre em que lugar Ele se encontra, de imediato respondemos: De Gênesis até Apocalipse. Desde o primeiro capítulo do primeiro livro, até o último capítulo do último livro, tudo principia a Cristo, mostra a Ele, é fundado n'Ele e glorifica-O pelo dia da Sua visitação.

Digo que a leitura deve ser continua, isto é, diária e sem recessos, pois é isso que lemos em Sl 1.1, 2: "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite". Como não andaremos nos conselhos dos ímpios e nem pararemos nossa peregrinação para conversar com os pecadores, ou como faremos para não nos assentarmos e termos comunhão na roda daqueles que zombam do Senhor? Só conseguiremos se nos dedicarmos à incessante leitura da palavra de Deus! No entanto, pontuo também que ela deva ser exaustiva, pois ninguém há que consiga meditar "de dia e de noite", a não ser aquele que se afadiga do trabalho em prol do reino e procura ter à mente sempre alguns versículos ou doutrinas basilares da fé cristã, de modo que "assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te" (Dt 6.7), sempre tem com o que vencer as tentações, pois leva a palavra do Rei sempre junto de si, de modo que procura incessantemente agradar ao Seu Senhor que o alistou para a batalha. Mas, aqui, que ninguém pense ser apenas um trabalho requerido do presbítero e mestre, mas sim que todos os crentes, desde o mais jovem até o mais idoso, devem sempre, em todo o momento, lerem a palavra de Deus, de forma que não deem lugar à ociosidade e/ou à devassidão, mas sim que sempre estejam juntos da palavra - nosso único caminho seguro para o Céu.

2. Despreze a "sabedoria" do mundo e fixe-se em Cristo. Quando todo o mundo lhe disser para ir na contra mão dos preceitos de Deus, quando todos seus familiares fizerem ignomínia de seu nome, quando se vir perplexo diante da perversidade maligna que habita nos corações não regenerados, então lembre-se das palavras divinas: "Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos" (1 Co 1.23). Os judeus eram ensinados acerca das verdades do Senhor e por isso bem conheciam o livro de Deuteronômio que dizia: "O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de Deus; assim não contaminarás a tua terra, que o SENHOR teu Deus te dá em herança" (Dt 21.23). Esse é o motivo porque Paulo, em outro momento (Gl 3.13), nos diz que Cristo se fez maldição em nosso lugar. Foi por essa razão também que os judeus não conseguiram compreender a vinda de Cristo e acharam que Ele era apenas um profeta ou uma "boa pessoa", pois de forma alguma conseguiam alinhar o ensino de Deuteronômio com a pessoa de Cristo - pois se era maldito todo o que fosse pendurado numa cruz (o que era um costume romano - e não, judeu), como seria possível que o próprio Salvador fosse ali pendurado? Paulo igualmente diz que a palavra do Senhor foi loucura para os gregos, afinal, naquela cultura que elogiava tanto a eloquencia como a retórica, quem seria o "são" que acreditaria num homem vindo da Galileia, que nascera numa estrebaria e que ao fim morreu pendurado num cruz? Quem sabe, pensavam e indicavam os gregos: "Paulo, é neste homem em que tu queres que acreditemos? Só podes estar louco!"

Aqui temos um ponto fundante para nosso crescimento e amadurecimento: constantemente a palavra do Senhor será contrária no mundo em que vivemos. A palavra do Senhor prescreve regras e mandamentos (que conduzem à Vida) completamente opostos àquelas providas e ensinadas pelo mundo. Enquanto o Senhor ensina-nos o criacionismo, ouvimos por aí sobre teorias e mais teorias da evolução; O Senhor preceitua que o homem é o cabeça do lar e sua mulher é sua fiel, linda e magnífica rainha ajudadora do lar, mas o mundo diz que não há diferença, todos são iguais e não há problema em a mulher ser a "chefe" da família; O Senhor nos diz que devemos nos portar com roupas descentes e que transmitam a santidade e união que dizemos ter em Cristo, contudo, o mundo instiga-nos para que creiamos no maligno e pensemos que conforme avança a sociedade, avançam-se o uso das roupas, de modo que isso é totalmente cultural e não há o menor problema em se usar, por exemplo, roupas íntimas num clima de verão, e, especialmente, quando se está em regiões litorâneas. Por isso, digo e afirmo: despreze a sabedoria do mundo e fixe-se em Cristo.

3. Viva de maneira peregrina sobre essa terra. Se desejamos ser repletos e abundantes da sabedoria e prudência divina em nossos corações, então precisamos lembrar-nos constantemente de que, "Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus" (Ef 2.19). Assim como os gentios de Éfeso não eram mais estrangeiros na família de Deus, assim também nós não somos mais cidadãos desse mundo vil e corrompido. Embora estejamos no mundo, não somos desse mundo (Jo 17.15). Contudo, não são poucos os que professam desse credo, mas, na prática, negam-no completamente. Muitíssimos são os homens e mulheres que sequer conhecem tais palavras que dizem: "Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério. Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura" (Hb 13.13-14). O autor de Hebreus não é clarividente ao ensinar sobre que devemos sair após Ele, isto é, após Jesus ter sido morto fora da cidade, nós também devemos sair da cidade local (o mundo), pois "não temos aqui cidade permanente", mas não apenas isso, que devemos sair desse mundo, ou seja, vivermos de maneira diferente do que os ímpios vivem, e mais, levarmos "o seu vitupério", a saber, que devemos esperar o desprezo, aborrecimento e escárnio advindo dos corações ímpios, pois assim mesmo o Senhor registrou-nos: "Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim" (Jo 15.18).

Por fim, Paulo também nos dá a razão pela qual devemos suportar toda angústia e ofensa proferida por nossos inimigos: "Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura". Se nossa paga se restringisse a esse mundo vil, e como Paulo diz, "Se, como homem, combati em Éfeso contra as bestas, que me aproveita isso, se os mortos não ressuscitam?"  (1 Co 15.32a), isto é, se Cristo não ressuscitou e não temos uma esperança maior nos céus que nos aguarda, então convém que "Comamos e bebamos, que amanhã morreremos" (1 Co 15.32b). Precisamos sempre levar cativo que somos peregrinos nesse mundo - nossa recompensa não está aqui e nem somos desse mundo.

Portanto, que hoje dobremos nossos joelhos ao Senhor, clamemos por Sua graça e misericórdia e também o louvemos com grande gratidão no coração, pois apesar de sermos instigados a abraçar a sabedoria pervertida que o mundo nos oferece e que somente leva os homens à perdição eterna, aprouve a Ele nos "abundar... em toda a sabedoria e prudência".

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Série: Homem e Mulher os criou - parte 5 - Homem e Mulher no Jardim, A Questão dos Filhos (Uma Ordem) - Sermão pregado dia 22.04.2012



Série: Homem e Mulher os criou - parte 5 - 
Homem e Mulher no Jardim, A Questão dos Filhos (Uma Ordem) -
Sermão pregado dia 22.04.2012


Após termos sido ensinados mediante a exposição do Salmo 127 onde visualizamos com que beleza e bênção o salmista trata a questão dos filhos, agora importa-nos verificar de que forma isso deve ser colocado em prática, isto é, uma vez casados, como o homem e a mulher devem interpretar o mandamento "frutificai e multiplicai-vos"? Há basicamente três interpretações: 

A primeira afirma que esse mandamento já foi cumprido por Adão e Eva e sua posterioridade, de forma que o intuito de Deus seria povoar a terra com seres humanos; como isso já ocorreu, os casais de hoje (e de tempos passados), se quiserem, não precisam ter filhos, haja vista a terra já ter sido povoada. Por não precisarem ter filhos, os métodos anticoncepcionais seriam aceitos e lícitos diante do Senhor. A segunda trabalha com sendo uma boa sugestão vinda da parte de Deus, isto é, como se o Senhor dissesse: "lhes será bom ter filhos, mas não é uma ordem". Para os que assim interpretam, eles veem os filhos como sendo uma bênção a se buscar, mas que ao mesmo tempo pode-se evitar e ter-se a liberdade de limitar o número dos seus, de modo que esses também aceitam os métodos anticoncepcionais, pois segundo entendem, cada casal tem a autonomia de planejar sua vida conforme bem lhe apraz. Já a terceira, diz que o mesmo mandamento que foi colocado sobre Adão e Eva, é também válido para nós. A mesma sentença que eles receberam para multiplicarem-se, aplica-se diretamente a nós, o que se traduz em dizer que, uma vez sendo dado o imperativo "multiplicai e frutificai-vos", isto é, uma ordem, os casais não têm autorização para a utilização de métodos contraceptivos, pois o Senhor não ordenou tal coisa.

Para nos desvencilharmos desse problema, é necessário que tenhamos em mente alguns pressupostos.

1. Homem e mulher não são donos de seus próprios corpos. A palavra do Senhor nos é clara o suficiente para que não intentemos contra Sua soberania. Isto implica em afirmar que se "No princípio criou Deus os céus e a terra" (Gn 1.1), então Ele é o detentor de absolutamente tudo que sub-existe por causa de seu poder criador e sustentador de todas as coisas. Sendo ele o Ser Supremo e completamente sábio em seu querer e realizar, então o desdobramento lógico dessa assertiva é de que Ele tem o direito de legislar sobre nossas vidas, desde a forma que escrevemos até a forma de nos vestirmos, passando pelo modo adequado de se educar um filho e indo até ter-se um casamento para a glória do Seu nome. 

Por toda a Escritura nos são abundantes os relatos de que o Senhor é soberano sobre tudo o que ocorre na terra, de modo que absolutamente coisa alguma pode-Lhe escapar às mãos. Esse ensino é bastante visível no fato de Adão e Eva serem colocados no Éden e não terem roupas para si; eles andavam nus e não se envergonhavam (Gn 2.25). Desde os tempos primórdios o Senhor deseja ensinar-nos que "do pó viemos e ao pó voltaremos" (Gn 3.19), pois assim como nossos primeiros pais foram colocados de forma desnuda sobre a terra, assim também somos diante do Senhor - nada escapa-lhe aos olhos.

Não sendo, portanto, o homem soberano sobre seu próprio corpo, lhe é por dever o tão somente obedecer àquilo que o Senhor prescreveu em Sua palavra, de forma que isso certamente redunda em glórias ao Seu nome e também, como já nos é sabido, faz bem ao homem, pois já disse o salmista: "Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios" (Sl 103.2).

2. Deve-se casar somente após ter condições de se sustentar uma família. A ordem do Senhor foi clara ao homem de Deus: "Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gn 2.24). O homem só deveria (e só deve) deixar seus pais e irmãos quando tivesse condições suficientes de sustentar [no mínimo] a si próprio e sua esposa. Deixar a casa de pai e mãe é relacionado diretamente com deixar-se de ser sustentando e passar a ser o sustentador. O homem que teme a Deus jamais se lançará a um relacionamento que ele próprio não possa sustentar - isso seria um ultraje ao mandamento divino. Nenhum menino ou garoto deve sequer cogitar a possibilidade de "namorar" sua "amiguinha", pois assim como lemos no livro do profeta Isaías que a maldição do Senhor vem sobre àqueles que colocam meninos no lugar de príncipes (Is 3.4), de igual modo o Senhor castiga aqueles que contraem matrimônio sem estarem preparados para guiar esse relacionamento que foi ordenado para [também] ser um antegozo do céu - onde de uma vez por todas estarão "casados" com o Senhor, pois pecado já não fará mais separação entre o santo e o profano - "Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou" (Ap 19.7).

3. Os filhos são instrumentos do Senhor para a proclamação e avanço do Seu reino. Que nenhum homem ouse ir além da doutrina bíblica e comece a intentar que, devido à soberania de Deus, "se Ele quiser", pode salvar seus eleitos sem a "ajuda" de homens. Ora, creio estar para muito além da dúvida, que o Senhor, embora soberano e detentor de todo o "querer e realizar" (Fp 2.13), ordenou-nos para que fossemos por todo o mundo e pregássemos o evangelho a toda criatura (Mt 28.19), o que necessariamente significa que, ainda que Ele seja soberano, aprouve por Sua boa vontade realizar Seu propósito através de agentes do Seu reino. 

Todo bom intérprete da Bíblia, por mais que tente ser persuadido por homens contrários ao mandamento de Deus, sabe muito bem que mesmo que o mandamento para Adão e Eva completou-se quando eles assim fizeram, isso não esenja autorização para os casais (posteriores a eles) acharem que essa ordem foi apenas para Adão e Eva, pois se assim foi, acaso também achar-se-á que as promessas ditas a eles nos excluem? Se foi apenas para Adão e Eva, por que também lemos que a Noé foi dito a mesma coisa (Gn 9.1)? Portanto, logo em primeira instância já descartamos a primeira possibilidade acima aventada, pois é impossível - biblicamente falando - sustentar que tal ordenança tenha se restringido somente aos primeiros pais.

Para avançarmos rumo ao desempate entre a segunda e terceira interpretação, ou seja, entre àquela que diz que os filhos são uma "boa sugestão" vinda do Senhor e a que diz serem os filhos algo ordenado por Deus, de forma que deve-se tê-los, ou melhor, não deve-se evitá-los, é preciso analisarmos o pecado de Onã.

Esse caso pouco conhecido ou cuja importância não é notável em nossas igrejas, está registrado em Gn 38.1-10. Esse relato bíblico conta-nos sobre um dos filhos de Jacó (Judá) que conheceu a filha de um homem cananeu e a tomou por mulher (vs. 1-2). Desse relacionamento resultaram os filhos Er, Onã e Selá (vs. 3-5). Judá então escolheu uma mulher para seu filho Er, cujo nome era Tamar (v. 6). No entanto, conta-nos a narrativa que Er, embora primogênito de Judá - o que implicava em grandes bênçãos para ele -, "era mau aos olhos do SENHOR, por isso o SENHOR o matou" (v. 7). Então, para que seu filho primogênito não ficasse sem descendência, "disse Judá a Onã: Toma a mulher do teu irmão [isto é, sua cunhada], e casa-te com ela, e suscita descendência a teu irmão" (v. 8). Vemos, então, como Onã agiu para com essa ordenança: "Onã, porém, soube que esta descendência não havia de ser para ele; e aconteceu que, quando possuía a mulher de seu irmão, derramava o sêmen na terra, para não dar descendência a seu irmão. E o que fazia era mau aos olhos do SENHOR, pelo que também o matou" (vs. 9-10).

Nos é clarividente que Onã de fato obedeceu à lei do Levirato (Dt 25.5-10), isto é, conforme a lei do Senhor prescrevia que quando um dos irmãos morresse sem deixar descendentes, o outro deveria tomar a viúva para si e suscitar herdeiros para seu irmão, de forma que sua linhagem não se perdesse - "E o primogênito que ela lhe der será sucessor do nome do seu irmão falecido, para que o seu nome não se apague em Israel" (Dt 25.6). Aqui, mais uma vez, há divergência quanto ao motivo da morte de Onã. De um lado temos aqueles que dizem que a morte foi apenas devido ao fato de Onã não ter desejado suscitar descendentes ao seu irmão falecido. Para outros, o fato de Onã ter morrido não se deu somente por causa da não suscitação da descendência, mas sim porque "fazia era mau aos olhos do SENHOR" (Gn 38.10). Surge então a pergunta: o que era mau diante do Senhor? O próprio texto nos responde: "soube que esta descendência não havia de ser para ele [motivo]... quando possuía a mulher de seu irmão, derramava o sêmen na terra, [ação] para não dar descendência a seu irmão [motivação]. E o que fazia era mau aos olhos do SENHOR [condenação]". A própria narrativa fala-nos que Onã não somente não desejava dar descendência, mas que para isso utilizou-se de meio não prescrito pelo Senhor. Contudo, o pecado de Onã não está somente ligado ao levirato.

Embora Onã tenha pecado em não suscitar descendente(s) ao seu irmão, o pecado não está necessariamente atrelado ao levirato, pois se quisesse desobedecer tal lei, não seria morto pelo Senhor - seria humilhado. Certo autor comenta: "Qualquer pessoa que pesquise sobre o incidente ocorrido com Onã, logo irá perceber que a única passagem que trata desse costume incomum do casamento levirato, encontra-se em Deuteronômio 25.5-10 e que essa passagem diz que quem se recusa a levantar [continuar] descendência a seu irmão, somente será humilhado. Portanto, é prudente [lógico] concluir que Onã não foi morto meramente por violar o Levirato, mas sim que foi morto por algo muito pior. E o que diferencia o caso de Onã do caso em Deuteronômio? Foi Onã ter desperdiçado (literalmente, destruído, matado) sua descendência no chão... [Também] Onã não foi morto por ter tido relações com sua cunhada, pois a penalidade para esse crime não era a morte, e sim o não [poder] ter filhos (Lv 18.16; 20.21)."[1] Isso explica-nos que o Senhor não somente matou a Onã por causa de sua desobediência em não desejar dar filhos à viúva (e que se tornara sua esposa), mas também porque utilizou-se de um método contraceptivo. Aqui, ninguém deveria afirmar que esse era o único "método" contraceptivo que Onã poderia ter adotado, afinal, em primeiro lugar, a questão principal não é essa, e, também, embora tivesse que se casar com a viúva de seu irmão, o não contrair matrimônio não era razão para sua morte, mas sim somente para humilhação (cf. Dt 25.5-10). Em outras palavras: se não quisesse ter filhos, que optasse pelo "menos pior" [2] e não se casasse com a viúva. 

Notamos também um ponto terrível na atitude de Onã: ele foi orgulhoso. "Onã, porém, soube que esta descendência não havia de ser para ele" (v. 9). O problema de Onã, portanto, foi triplo: 1. Não desejou dar descendência ao irmão; 2. utilizou-se do que tinha ao seu dispor para conseguir seu objetivo (derramar o sêmen no chão - método contraceptivo); 3. violou o mandamento do Senhor que era para toda descendência de Israel: "frutificai e multiplicai-vos".

Três grandes teólogos comentaram sobre esse ocorrido:

"O Pecado de Onã - Martinho Lutero. Onã deve ter sido um canalha malicioso e incorrigível. Pois este é um pecado excessivamente vergonhoso. É muito mais atroz do que o incesto ou o adultério. É correto chamar isto de prostituição, sim, de um pecado de Sodomia. Porque Onã vai até ela; ou seja, ele se deita com ela e copula, e quando chega ao ponto da inseminação, ele derrama o sêmen, evitando que a mulher conceba. Certamente, neste momento, a ordem da natureza estabelecida por Deus na procriação deveria ser seguida... Mas Onã foi inflamado com o mais vil rancor e ódio... Consequentemente, ele mereceu ser morto por Deus. Ele cometeu um ato maligno. Então Deus o puniu... Este homem sem valor se recusou a exercer o amor. Ele preferiu contaminar-se com um pecado mais vergonhoso em lugar de trazer descendência para seu irmão. Portanto, Onã, indisposto a cumprir esta obrigação, lançou sua semente fora. Este é um pecado muito maior do que o adultério ou o incesto, e provocou tal feroz ira em Deus que Ele o destruiu imediatamente.

O Pecado de Onã - Matthew Henry. Onã, embora concordasse em se casar com a viúva, contudo, como um grande abuso de seu próprio corpo, da mulher que ele havia casado, e da memória de seu irmão que se fora, ele se recusou a trazer uma descendência para seu irmão, como estava comprometido pelo seu dever... Note que estes pecados que desonram o corpo e o contaminam são grandemente reprovados por Deus, sendo também evidências de infames sentimentos.

O Pecado de Onã - João Calvino. Além disso, não só Onã defraudou seu irmão ferindo o direito que devidamente lhe pertencia, mas também preferiu que seu sêmen putrificasse no chão, do que gerar um filho em nome de seu irmão... O derramamento voluntário do sêmen fora do devido intercurso entre homem e mulher é uma coisa monstruosa. Deliberadamente retirar-se do coito de modo que o sêmen caia no chão é duplamente monstruoso. Pois assim se extingue a esperança da continuidade da raça e se mata, antes do nascimento, a esperada prole. Esta impiedade é especialmente condenada, agora pelo Espírito através da boca de Moisés, de tal forma que Onã, como se fosse por um violento aborto, não menos cruel e imundamente lança na terra o fruto do seu irmão, como se arrancado do ventre materno. Ainda, com isto tentou, tanto quanto era capaz, eliminar uma parte da raça humana. Se uma mulher expulsa o feto de seu ventre com drogas, tal ação é contada como um crime sem expiação e, merecidamente, Onã recebe sobre si a mesma pena, contaminando a terra com seu sêmen, para que Tamar não concebesse um futuro ser humano como habitante da terra." [3]

Duas aplicações imediatas:


1. Em outras palavras, a ordem é: "não evitem ter filhos". É preciso deixar esse ponto bastante claro, pois, caso contrário, algum casal poderia se ver pecando contra o Senhor caso não fossem abençoados com filhos dado pelo Altíssimo. Toda ordem positiva do Senhor tem subentendida a negação de tudo que for contrário à afirmação. Por exemplo: "Observem o Dia do Senhor". Acaso o Eterno precisaria também dizer, "Não profanem o Dia do Senhor"? Ora, certamente que não, pois isso é algo bastante óbvio. Da mesma forma, quando o Senhor diz "frutificai e multiplicai-vos", está naturalmente entendido que é um pecado ler o versículo dessa forma: "não frutificai e não multiplicai-vos". É necessário que entendamos esse ponto, pois a ordem primeira [4] é para que deixemos o Senhor ser o guia de nossas vidas, de forma que quando um casal ajunta-se em matrimônio, também ajuntam-se para a glória de Deus (1 Co 10.31), o que significa que eles não devem colocar "obstáculos" à vontade divina, pois se a ordem foi deixar pai e mãe, se unir à sua mulher e frutificar e multiplicar, então, assim como é contrário à palavra do Senhor o não sustentar da sua casa e cuidar devidamente da esposa (e vice-versa), também tal atividade é perniciosa e acarreta em desobediência ao mandamento expresso ditado pelo Altíssimo.

2. Métodos anticoncepcionais são contrários à palavra de Deus. Uma vez que a ordem do Senhor é para que não se evite ter filhos, então todo e qualquer meio que se interponha com o objetivo de "burlar" a ordenança de Deus, deve ser rejeitado como profano e não digno de apreciação. Conforme vimos anteriormente, os filhos são bênçãos vindas do Senhor e que, ao contrário do que somos ensinados, não enfraquecem o casamento ou empobrecem o casal, mas são como "flechas na mão de um homem poderoso" (Sl 127.4). Se os filhos são uma bênção sem medida vinda do Senhor, por que alguém desejaria evitá-los? Não seria uma grandiosa imprudência (e violação do mandamento) ter uma bênção a seu dispor e dizer, "não, obrigado"?

Na semana que vem responderei algumas perguntas sinceras e que são bastante frequentes, tais como: "Em caso de doença, pode-se usar métodos contraceptivos?", "O que faz um casal com pouca renda financeira?", "Usar contraceptivos é razão para não ser aceito na igreja ou dela ser excluído?", "Não conseguimos colocar em prática, pois o mundo de hoje é muito perigoso", "Já temos X filhos, não podemos ter outros mais", "O casamento não foi feito para o prazer mútuo?", "Preciso ter o máximo de filhos que conseguir?"...

Que o Senhor continue guiando-nos em Sua reta e Santa palavra.

Notas:
[1]http://www.reformed.org/webfiles/antithesis/index.html?mainframe=/webfiles/antithesis/v1n4/ant_v1n4_issue2.html (acessado dia 18.04.2012 às 11:00) - tradução livre.
[2] Toda desobediência para com o Senhor é grave - usei a expressão "menos pior" apenas para dizer que se não desejasse ter filhos, que se eximisse do dever de ter para si a viúva.
[3]http://calvinismoexperimental.blogspot.com/search/label/Contra%20o%20uso%20de%20Contraceptivos (acessado dia 31 de Janeiro de 2012).
[4] Aqui, falo em ordem primeira porque o apóstolo Paulo em 1 Co 7 nos diz que pode-se permanecer solteiro, e até, que assim é melhor. Se a ordem fosse para todo homem e mulher procriasse, então não poderia haver a condição de solteiro.

sábado, 21 de abril de 2012

A conversão do ladrão pela graça de Deus


Sua conversão ocorreu numa época quando, exteriormente, parecia que Cristo havia perdido todo o poder para salvar, seja a si mesmo ou a outros. Esse ladrão havia marchado ao lado do Salvador através das ruas de Jerusalém e o tinha visto sucumbir sob o peso da cruz! É altamente provável que, como sua ocupação fosse a de ladrão e assaltante, esse fosse o primeiro dia que em que ele punha seus olhos no Senhor Jesus e, agora que o via, era sob toda a circunstância de fraqueza e desgraça. Seus inimigos estavam triunfando sobre ele. A maior parte de seus amigos o havia abandonado. A opinião pública estava unanimemente contra ele. Sua própria crucificação foi considerada como totalmente inconsistente com sua messianidade. Sua condição humilde foi uma pedra de tropeço aos judeus desde mesmo o início, e as circunstâncias de sua morte devem ter intensificado isso, especialmente a alguém que nunca o havia visto senão em tal condição. Mesmo aqueles que tinham crido nele foram levados à dúvida por causa de sua crucificação. Não havia ninguém na multidão que estivesse ali com o dedo apontando para ele e gritando: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”.

E, todavia, não obstante tais obstáculos e dificuldades no caminho de sua fé, o ladrão apreendeu a condição de Salvador e o Senhorio de Cristo. Como podemos explicar tal fé e tal compreensão espiritual em alguém em circunstâncias tais como a que se encontrava? Como podemos explicar o fato de que esse ladrão agonizante tomou um homem em sofrimento, sangrando e crucificado por seu Deus! Não pode ser explicado senão por intervenção divina e operação sobrenatural. Sua fé em Cristo foi um milagre da graça!

Por A. W. Pink
Fonte: Outdoor Teológico

Mulheres cristãs "Sem-Vergonha" - Pelo amor ao Senhor (e aos homens), não se exponha.


Uma mulher entrou no meu escritório alguns dias atrás. Ela estava quase-vestida, usando apenas sutiã e calcinha. Só tem uma mulher no mundo que tem o direito de estar comigo vestido assim: minha esposa. Mas esta mulher que entrou no meu escritório alguns dias atrás, não era minha esposa. Eu fiquei muito constrangido.

Constrangida ela não ficou de forma alguma. Vamos chamar ela de “Sem-Vergonha”. A Sem-Vergonha não ficou constrangida, pois ela engoliu a mentira da nossa sociedade moderna. Esta mentira diz o seguinte: se a sutiã e a calcinha estiverem da mesma cor e feitas de um tecido que se pode usar na água, então não são roupas íntimas—são roupa de banho. A Sem-Vergonha se declara Cristã, mas mesmo assim ela parece não ter problema em expor o corpo dela para o mundo inteiro. Imagino que ela ficaria talvez com vergonha de andar no shopping ou visitar uma família, vestida apenas de sutiã e calcinha. Mas por alguma razão, ela não percebe problema nenhum em escolher uma foto dela assim vestida como foto do perfil do Facebook. Foi assim que ela entrou no meu escritório: pela tela do meu computador.

Eu tenho centenas de “amigos” no Facebook que mal conheço. Aceito qualquer solicitação de amizade de pessoas que se declaram Cristãos, pois quero ampliar minha rede de contatos com pessoas crentes para promover o trabalho de várias entidades e instituições reformadas com as quais trabalho. Quando um contato no Facebook postar coisas indecorosas ou promove pensamentos, atitudes ou atos não Cristãos, eu apago logo.

Quero compartilhar com você as razões pelas quais eu apaguei a Sem-Vergonha.

1. O corpo dela pertence ao seu marido (1 Cor. 7:4). Se ela não estiver casada, ela deve guardar o corpo dela para o seu futuro marido. O corpo dela não é para ser exposto para o mundo inteiro ver; muito menos é para ser exposto na tela do meu computador.

2. Ver o corpo de uma outra mulher não promove minha santificação nem edifica o meu casamento (Prov. 5:15-20; Jó 31:1). Deus criou o homem de tal forma que ele experimenta uma reação muito forte quando vê o corpo de uma mulher. Esta reação dentro do casamento é linda e promove o verdadeiro amor. Fora do casamento, é vergonhosa e traz destruição e tristeza. Neste mundo atolado na imoralidade e perversão sexual, é necessário muita vigilância para o homem guardar a sua pureza sexual. Quando outras mulheres se apresentam quase despidas diante dos olhos de um homem, isto em nada ajuda nesta luta contra o pecado.

3. Se apresentar em público descoberta é uma negação da obra de Cristo (Gen. 3:21, Isa 61:10, Eze. 16, Apoc. 3:18). Quando o homem caiu em pecado, a sua nudez foi exposta. Deus deu roupas para cobrir a vergonha de Adão e Eva. Um animal teve de morrer para que a nudez deles fosse coberta. Isto foi uma pregação da obra de Cristo, que ficou exposto e nu na Cruz, tomando para Si a nossa vergonha, e derramando o seu sangue para que sejamos cobertos com as roupas brancas da justiça do Cordeiro. A forma que nós nos vestimos reflete algo sobre o nosso entendimento do evangelho. Quando homens e mulheres Cristãos expõem seus corpos publicamente, estão de uma certa forma apagando a manifestação do poder da obra de Cristo em suas vidas. Em vez de se vestir em traje decente, com modéstia e bom senso, eles imitam o mundo que se gloria na sua vergonha. Uma mulher entrou no meu escritório alguns dias atrás. Ela estava quase-vestida, usando apenas sutiã e calcinha. Só tem uma mulher no mundo que tem o direito de estar comigo vestido assim: minha esposa. Mas esta mulher que entrou no meu escritório alguns dias atrás, não era minha esposa. Eu fiquei muito constrangido.

A coisa triste é que muitos que se dizem seguidores de Cristo acharão esta reação radical demais. Tem uma razão por isto: estamos tão atolados no mundanismo que nem percebemos. O Cristianismo superficial e mundano dos nossos dias produz Cristãos superficiais e mundanos. O Cristianismo ensinado por Cristo e os apóstolos, contudo, é uma total transformação da vida em todos os aspectos, acompanhado por um compromisso radical com a santidade. Se a única diferença entre o mundo e a Igreja é que estes estão do lado de dentro da parede da Igreja, e aqueles do lado externo, então não conhecemos o verdadeiro Cristianismo que proclama: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2 Cor. 5:17).

Por Kenneth Wieske

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Mel na caveira de um leão morto


Sansão foi levantado por Deus num tempo de opressão. Seu nascimento foi um milagre. Foi consagrado a Deus como nazireu desde o ventre. Tornou-se um portento. Sua força era colossal. Era um jovem prodígio, um verdadeiro gigante, homem imbatível. Seu único problema é que não conseguia dominar seus impulsos. Um dia viu uma jovem filisteia e disse a seu pai: “Vi uma mulher em Timna, das filhas dos filisteus; tomai-ma, pois por esposa [...] porque só desta me agrado” (Jz 14.2,3). Seu pai tentou demovê-lo, mas Sansão não o ouviu.

Certa feita, caminhando pelas vinhas de Timna, um leão novo, bramando, saiu ao seu encontro, mas Sansão rasgou esse leão como se rasga um cabrito. Depois de alguns dias passou pelo mesmo local e foi dar uma olhada no corpo do leão morto. Estava ali, na caveira do leão, um enxame de abelhas. Sansão pegou um favo de mel nas mãos e se foi andando e comendo dele (Jz 14.8,9). Sansão era nazireu e não podia tocar em cadáver. Ele quebrou, ali, o primeiro voto de sua consagração a Deus. Ele procurou doçura na podridão. Ele comeu mel da caveira de um leão morto. Muitos ainda hoje buscam prazer no pecado e procuram doçura naquilo que é impuro. Por isso, perdem a unção, a paz e a intimidade com Deus.

A Bíblia diz que um abismo chama outro abismo. Porque Sansão quebrou o primeiro voto do nazireado, abriu a porta para outras quedas. Na festa de casamento, com vergonha de assumir sua posição de nazireu, Sansão fez ali um banquete; porque assim o costumavam fazer os moços (Jz 14.10). Sansão preferiu imitar os moços de sua época a posicionar-se como um ungido de Deus. Além de não tocar em cadáver, um nazireu não podia beber vinho. Mas, Sansão quebrou mais esse voto de consagração por não ter peito para ser diferente e fazer diferença. Daí para frente, sua vida foi de queda em queda. Coabitou com uma prostituta em Gaza (Jz 14.1) e afeiçoou-se a Dalila (Jz 14.4). Essa mulher astuta o seduziu e arrancou dele a confissão acerca da origem de sua força. Um nazireu não podia cortar o cabelo, mas a cabeça de Sansão foi raspada. Esse jovem prodígio perdeu sua força. O Espírito Santo retirou-se dele. Caiu nas mãos dos filisteus. Estes, lhe vazaram os olhos e escarneceram dele num templo pagão.

Sansão brincou com o pecado e o pecado o arruinou. Sansão não escutou conselhos e fez manobras erradas na vida. Sansão fez pouco caso de seus votos de consagração e perdeu o vigor de seu testemunho. Perdeu sua força e sua visão. Perdeu sua dignidade e sua própria vida. Vocacionado para ser o libertador do seu povo, tornou-se cativo. Porque desprezou os princípios de Deus, o nome de Deus foi insultado num templo pagão por sua causa.

A vida de Sansão é um brado de alerta para a nossa geração. Há muitos jovens, que à semelhança de Sansão, não escutam seus pais. Muitos jovens, mesmo sendo consagrados a Deus, filhos da promessa, vivem flertando com o mundo, amando o mundo, sendo amigos do mundo e conformando-se com o mundo, procurando mel na caveira de leão morto. Muitos crentes têm perdido a coragem de ser diferentes. Imitam o mundo em vez de serem luz nas trevas. Fazem suas festas como o costumam fazer aqueles que não conhecem a Deus. Transigem com os absolutos de Deus e entregam-se às aventuras, buscando uma satisfação imediata de seus desejos. Esse caminho, embora cheio de aventuras e prazeres, é um caminho de escuridão, escravidão e morte. O pecado é um embuste. Promete prazer e traz tormento. Promete liberdade e escraviza. Promete vida e mata. O pecado levará você mais longe do que gostaria de ir; reterá você mais tempo do que gostaria de ficar e, custará a você um preço mais alto do que gostaria de pagar.

Por Hernandes Dias Lopes
Fonte: IPBVIT
_____________
Nota minha: Creio que também há outras duas aplicações que seriam possíveis (para vermos como a Bíblia é preciosa!):

1. "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar" (1 Pe 5.8) - mesmo estando "morto", o Diabo e seu pecado ainda causa-nos fascínio.
2. "E clamou com grande voz, como quando ruge um leão; e, havendo clamado, os sete trovões emitiram as suas vozes" (Ap 10.3) - na morte do Leão encontramos vida e sustento.

O culto online e a tentação do Diabo

Você conhece o plano de fundo deste texto olhando no retrovisor da história recente: pandemia, COVID-19... todos em casa e você se dá conta ...